sexta-feira, 30 de abril de 2010

Melodia

Aqui em casa eu aprendi, desde cedo, a pensar com o bolso. Economizar, gastar só o essencial, não exagerar, não ser extravagante. Não que isso tenha sido algo ruim. Pelo contrário, até. Mas quando se fala em "família", não tenho aqueles sentimentos que seria normal de se ter. Família pra mim é apenas um laço sanguíneo, não vai muito além disso. Se eu não gosto de um primo ou tio, tanto faz...

Aprendi a pensar com a cabeça de cima na escola. Ok, nem tanto na escola. Muita coisa inútil a gente aprende lá, né? Acho que com o tempo a vida foi apagando essas coisas e me ensinando outras. E aí aprendi a pensar com o coração e... com a cabeça de baixo. Confesso que pensar com o coração não é muito o meu forte, exceto quanto estou mesmo caído por alguém (e quando isso acontece, sai de perto!).

Já me disseram que eu tenho uma peculiar sensibilidade artística, e eu acredito que seja verdade, mesmo. Talvez em algumas explosões de imaginação eu não saiba como me expressar, mas me dê um papel e caneta e logo deixo transbordar tudo com muito gosto. Seja em prosa, poesia, desenho ou pintura...

Falando em sensibilidade artística, hoje estava caminhando até a biblioteca da faculdade quando passo pelo bloco de música e me acontece uma cena muito... incomum. Em uma das salas pra ensaio, dessas com um espelho enorme que vai de ponta a ponta, do chão ao teto, me deparo com um cara bonitinho tocando violoncelo. Como a porta tava aberta, impulsivamente parei e fiquei observando-o. Eu hipnotizado com a música e o músico. Ele hipnotizado com o próprio som que produzia. Passados alguns segundos (ou teriam sido minutos?), ele olha pra mim pelo espelho e ri. Simplesmente ri, com uma carinha daquelas que dá vontade de apertar e não soltar mais. Eu ri de volta, mas fiquei muito tímido. Não me conhecia tão sem ação assim. Não sei se ele iria me convidar para entrar, sentar e ouvir mais - e juro que aceitaria o convite com prazer. Contudo, deixei a sala e segui meu caminho...

Se eu tenho um caminho, pior é que nem sei qual é...

"Dizem que é a ultima canção, mas eles não nos conhecem. Só será a ultima canção se deixarmos que seja." (Dancer in the Dark, filme).

...

Indicações de músicas? Ouçam John Mayer. Qualquer coisa dele, ouçam com prazer.


- Marcel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário